- Jornal das Oficinas
O Futuro pertence à eletromobilidade!
E-MOBILITY É A CHAVE PARA O TRANSPORTE RODOVIÁRIO SUSTENTÁVEL, CIDADES MAIS HABITÁVEIS E O COMBATE BEM SUCEDIDO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. GRAÇAS AOS AVANÇOS NA ELETROMOBILIDADE, O TRANSPORTE TOTALMENTE SUSTENTÁVEL É AGORA UM OBJETIVO REALISTA, SEM TER DE COMPROMETER A FORMA COMO VIVEMOS, NOS DESLOCAMOS E TRABALHAMOS

A E-Mobility permite a transição dos combustíveis fósseis emissores de CO2 para a energia fornecida a partir de fontes de energia elétrica que, por sua vez, são carregadas através da rede elétrica. Ao substituir o transporte baseado em combustíveis fósseis por veículos movidos a eletricidade, podemos melhorar drasticamente a qualidade do nosso ar ao mesmo tempo que reduzimos as emissões de gases com efeito de estufa.
Dado que as emissões dos transportes foram responsáveis por mais de 24% das emissões globais de CO2 em 2021, um movimento em direção à E-Mobility faz todo o sentido. De facto, com as emissões de CO2 dos transportes a crescerem a um ritmo mais rápido do que o de qualquer outro setor, a E-Mobility é uma necessidade se quisermos alcançar as ambições do Acordo de Paris: manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2ºC, face aos níveis pré-industriais. A ligação entre a E-Mobility e a sustentabilidade é clara: quanto mais soluções de eletromobilidade utilizarmos, maior será a redução de CO2 e outros gases com efeito de estufa. E isto é particularmente importante no sector dos transportes, onde as missões mais do que duplicaram desde 1970 e têm aumentado todos os anos. Ao substituir o transporte baseado em combustíveis fósseis por veículos movidos a eletricidade, podemos melhorar drasticamente a qualidade do nosso ar ao mesmo tempo que criamos reduções significativas de CO2.

QUAIS OS BENEFÍCIOS DA E-MOBILITY?
A E-Mobility tem benefícios a muitos níveis, desde o global, até ao pessoal. A nível global, a eletrificação dos transportes ajuda a travar as alterações climáticas através da redução das emissões de gases com efeito de estufa. Como os transportes representam atualmente cerca de 30% da procura global final de energia, o potencial de descarbonização é enorme.
De um modo geral, os veículos elétricos custam menos a circular durante a sua vida útil do que os carros tradicionais com motores de combustão. Este custo reduzido resulta em grande parte de regimes fiscais mais favoráveis, menos peças móveis, e custos de energia mais baixos. Os benefícios adicionais de uma solução de E-Mobility para o automóvel incluem um melhor desempenho de condução, redução da poluição sonora, e a capacidade de fornecer serviços ao sistema de energia e aos edifícios utilizando as suas baterias.
A redução das emissões dos motores de combustão movidos a combustíveis fósseis através da E-Mobility conduzirá a cidades mais sustentáveis e habitáveis, protegendo ao mesmo tempo o nosso clima. Os efeitos da poluição causada pelos transportes são especialmente importantes nas cidades onde um grande número de pessoas e veículos se desloca dentro de um espaço geográfico pequeno. As cidades já são responsáveis por até 70% do consumo energético e das emissões de CO2 em todo o globo. E com uma população mundial que deverá atingir 8,6 mil milhões de pessoas em 2030 e 70% das pessoas que deverão viver nas cidades até 2050, precisamos de encontrar uma forma de criar cidades mais sustentáveis e habitáveis.
TENDÊNCIAS DE ELETRIFICAÇÃO NAS ENERGIAS RENOVÁVEIS
A eletrificação é central para as estratégias de descarbonização de muitos setores. Isto significa que a procura de eletricidade deverá aumentar substancialmente ao longo dos próximos anos. É por isso que a redução das emissões da produção de eletricidade é uma componente central das estratégias globais de redução de emissões da maioria dos países.
Felizmente, os custos das energias renováveis estão a baixar, e a capacidade das energias renováveis está a crescer rapidamente. O aumento da utilização de energias renováveis nas redes e o aumento da eletrificação criam, contudo, novas necessidades de capacidade de armazenamento para lidar com picos de carga.
Embora muitas tecnologias limpas estejam disponíveis, como o hidrogénio ou motores movidos a combustíveis alternativos, a eletrificação dos transportes é a estratégia mais viável para combater a poluição do ar. Isto significa que os motores de combustão interna são substituídos por motores movidos a eletricidade, incluindo Veículos 100% elétricos, Veículos Elétricos Híbridos Plug-in e Veículos Elétricos Híbridos - todos eles referidos como VE.

Os números de VE a nível mundial estão a aumentar rapidamente. Em 2020, o número total de veículos elétricos na estrada a nível mundial estabeleceu um novo recorde de cerca de 10 milhões, cerca de 1% do parque global de automóveis. Podemos ver esta tendência também nos transportes públicos, com mais de 460.000 autocarros elétricos registados em todo o mundo em 2020. Impulsionado por novas políticas e expansão do fabrico, espera-se que o mercado de VE continue a crescer rapidamente na próxima década, atingindo 56 milhões de VE a nível mundial até 2030. A eficiência energética de um VE é cerca de 30% melhor do que um automóvel a gasolina comparável e a eletricidade necessária será cada vez mais produzida a partir de fontes renováveis.
SETOR DOS TRANSPORTES ENTRE OS MAIS POLUENTES
Na Europa, o setor dos transportes foi o único, de entre os principais setores de atividade, a aumentar as emissões de CO2, desde 1990. Os transportes em geral representam hoje 25% das emissões totais destes gases na Europa, sendo os rodoviários os mais poluentes, com 19% do total de emissões. Para estes valores muito contribui o aumento das deslocações de carro para dentro e fora dos centros urbanos. De facto, os transportes públicos ainda não são considerados suficientemente cómodos nem fiáveis para abandonarmos totalmente o uso do automóvel, mesmo nas cidades mais desenvolvidas do mundo.
Em Lisboa, o tempo médio de deslocações em períodos de pico de trânsito aumenta 61% face a períodos de trânsito normal — um valor acima da média Europeia e só ultrapassado nas cidades de Londres, Paris e Roma.
De forma a atingir as metas do Acordo de Paris, tem de haver um trabalho conjunto dos cidadãos, governos e empresas, rumo a uma descarbonização. E tem vindo a ficar claro que esse caminho se faz lado a lado com o da eletrificação. Em todos os setores (incluindo o dos transportes), quanto maior for o recurso à energia elétrica, maior será o potencial para recorrer às energias renováveis e deixar os combustíveis fósseis de lado. Por todo o mundo, os países estão a mobilizar-se no sentido da descarbonização. Espera-se que, até 2050, haja uma redução de 80% das emissões de gases com efeito estufa, fomentada pelo alargamento da produção de energia a partir de fontes renováveis. E os veículos a diesel parecem estar entre os primeiros alvos a abater nesta luta pelo planeta.
Cidades como Madrid ou Paris já anunciaram que, até 2025, vão impedir a sua entrada em centros urbanos e a venda de novos veículos com motores de combustão ficará mesmo proibida em 2040. Londres, por outro lado, já prevê uma taxa de 10 libras diárias para quem queira levar veículos que não sejam (pelo menos) híbridos até ao centro da cidade.
UM APROVEITAMENTO ÓTIMO DAS RENOVÁVEIS
Uma das vantagens menos conhecidas da aposta em mobilidade elétrica é o facto de a mesma poder contribuir para um melhor aproveitamento das energias renováveis. Por vezes, a energia produzida a partir destas fontes, nomeadamente a proveniente do sol e do vento, não consegue ser totalmente aproveitada por não haver consumo suficiente. Como tal, a rede fica “saturada” de energia, o que obriga a limitar a produção — precisamente o que queremos evitar, pois pretende-se um aproveitamento ótimo e máximo de fontes de energia limpa.
A generalização do uso de veículos elétricos pode ajudar a resolver esta limitação: seja ao nível local, usando soluções inteligentes para acelerar o consumo dos carregadores de veículos elétricos, em alturas com muito sol, seja ao nível global do sistema, uma vez que, muitas vezes, os veículos elétricos carregam durante a noite, ou seja, quando há menos consumo e mais energia eólica, evitando assim o desperdício de recursos renováveis.
Os hábitos de carregamento automóvel terão, naturalmente, impactos e trazem novos desafios na forma como a rede elétrica está organizada, já que irão produzir picos de procura maiores dos que observamos até aos dias de hoje, nomeadamente ao final do dia.

VANTAGENS DA ELECTROMOBILIDADE
Os VE estão a mudar a forma como nos movemos - não só porque são mais amigos do ambiente. Um VE custa mais do que um veículo comparável a gasolina ou diesel - principalmente devido aos grandes custos de produção da bateria, embora os seus preços tenham caído nos últimos anos. No entanto, a eletricidade é mais barata do que os combustíveis fósseis. Além disso, os veículos elétricos requerem menos manutenção e menos reparações. Não há necessidade de mudar o óleo e os filtros, e não há sistemas de escape, correias de distribuição ou correias em V.
Um motor de combustão tem cerca de 2.500 componentes que têm de ser fabricados e montados - em comparação com apenas 250 num motor elétrico. As baterias de iões de lítio utilizadas nos VE têm uma longa vida útil, apresentam uma alta densidade de energia e podem ser recarregadas muitas vezes. Perdem alguma da sua capacidade de recarga após oito a dez anos, mas não são defeituosas: Simplesmente armazenam menos energia.
Os VE proporcionam um desempenho elevado e têm uma eficiência muito maior do que os veículos com motor de combustão: A relação entre a energia que é alimentada e que pode ser utilizada é de cerca de 90 por cento para os VE. Esse valor é de apenas 35% para motores a gasolina e 45% para motores a diesel. O resto é perdido como calor. Outras vantagens: Devido ao facto de estar imediatamente disponível um elevado binário, os VE podem acelerar mais rapidamente a partir do 0. Também podem obter energia com a ajuda do inversor, como quando travam, e alimentá-la de volta à bateria.

DESAFIOS ENFRENTADOS PELA ELETROMOBILIDADE
Apesar das suas muitas vantagens, existem outros desafios relacionados com a eletromobilidade para além do facto de o preço de um VE ainda ser atualmente elevado. Os VE são muito silenciosos. Isto significa muito menos ruído, especialmente nas cidades e ao longo das estradas principais. Os peões e ciclistas terão de se habituar a isso primeiro. No entanto, se os carros elétricos estiverem a circular a baixa velocidade, são tão silenciosos que podem nem sequer ser ouvidos. É por isso que os novos modelos desenvolvidos na UE têm de ser equipados com um Sistema de Alerta Acústico de Veículos (AVAS). Até uma velocidade de 20 km/h, têm de gerar ruídos semelhantes aos dos automóveis a gasolina ou diesel. Se o VE estiver a viajar mais depressa o ruído produzido pelos seus pneus pode ser ouvido de qualquer forma. Para assegurar que os VE são de emissão zero no sentido pleno da palavra, a sua eletricidade deve ser proveniente de fontes renováveis e não, por exemplo, de centrais elétricas alimentadas a carvão, enquanto a produção da bateria deve ser também neutra em termos de CO2.

O QUE O FUTURO NOS RESERVA
Muitos consideram o motor de combustão como estando a sair de cena, dado o atual estado de desenvolvimento dos VE. No entanto, para conseguir isso, o preço dos carros e baterias deve baixar, as redes de carregamento devem crescer e também tornar-se mais inteligentes, e os VE devem atingir um nível de eficiência energética que os prepare para o mercado. Empresas e investigadores estão continuamente a trabalhar para melhorar as baterias. Isto irá aumentar o alcance e reduzir o tempo de carregamento - dois incentivos cruciais para os utilizadores. Além disso, a rede de estações de carregamento está a ser constantemente expandida.
